Anteontem postei aqui uma pergunta a respeito de "One", do álbum Achtung Baby, de 1991. Perguntei se haveria alguma relação de resposta entre a canção do U2, e "One Love (People Get Ready)", do Bob Marley. Fiz essa pergunta considerando as origens da banda e também as semelhanças entre as canções, e tenho razões que pretendo elucidar agora.
Participe do debate no nosso grupo no Facebook
Primeiramente, para estabelecermos a relação entre as canções, entendo ser fundamental compreender o movimento artístico de que o U2 fez parte. A banda, em seus primeiros trabalhos - sobretudo até "The Unforgettable Fire" - foi expoente máximo do PÓS-PUNK, conjuntamente com outros grupos como: Public Image Ltd, The Police, Joy Division, New Order, The Cure e The Smiths, por exemplo. E a grande característica desse movimento é justamente o tom de seriedade e melancolia que se empregava nas músicas.
Visto isso, perguntam ainda, e o Bob Marley, o que tem a ver com isso? Bom, não é comprovado, mas que o Punk em si tem uma dose de Reggae, isso é quase indiscutível! Ademais, não nos esqueçamos do chamado Reggae Punk, que é um gênero da música punk que caracteriza-se pela fusão entre o punk rock e o reggae jamaicano criado no fim da década de 1970, do qual Bob Marley fez parte. Inclusive, para o disco Exodus, no qual está inclusa a faixa “One Love (People Get Ready)", Bob esteve na Inglaterra para conhecer de perto a cena Punk e as bandas do movimento. E é aqui que diretamente estabelecemos a relação entre U2 e Bob Marley.
Por fim, propriamente sobre as canções em voga, a semelhança não se restringe ao nome. Há a lembrança clara - gramatical e melódica - nos trechos “One love, one heart” na música do Bob Marley, e de “One love, one life”, na do U2. Como se não bastasse, ambas ao comentar comentar sobre o ser, constituem exatamente aquela relação que citei, a do PUNK/PÓS-PUNK. Apesar do tema base de ambas as canções ser o amor, até mesmo de um ponto de vista religioso, como é de se esperar, a perspectiva é completamente distinta. Nota-se por versos como:
“Vamos ficar juntos e nos sentiremos bem (...) Há um lugar para o pecador sem esperança; Que fere toda a humanidade só para salvar suas próprias crenças?", Bob Marley
“Somos um, mas não somos o mesmo; Nós nos machucamos, E o fazemos de novo”, U2
Assim, enquanto uma fala sobre a importância de unir um a um até formar todo, a outra destaca a separação iminente ao ser, a separação que dificulta que impede, e que precisa ser considerada por fazer parte do nosso mundo. Vemos desse modo, que como de praxe para o U2, grupo mais bem sucedido do movimento PÓS-PUNK, falar sobre amor é relatar as objeções, contrapondo-se a tendência Punk Reggae. Desde muito essa tem sido uma característica das letras do grupo, é só reparar. Com “One” não é diferente.
Observa-se na canção do U2 também uma espécie de resposta a todo aquele sentimento do qual a banda também foi vítima depois de “Rattle and Hum”. No entanto, com certeza há uma série de outras relações na música, e também devemos considerar a que existe com a canção de Bob Marley, lançada 14 anos antes, e que até hoje é bastante conhecida e mencionada.
Essa é minha tese!
Aguardo comentários!



Nenhum comentário:
Postar um comentário